A crise da habitação em Portugal tornou-se um dos temas mais urgentes do debate público. O aumento dos preços, o turismo em massa e a especulação imobiliária transformaram o ato de arrendar uma casa num verdadeiro luxo, especialmente nas grandes cidades.

Mas para além dos números e das estatísticas, existe uma dimensão mais profunda: que cidades estamos a construir? Cidades onde apenas alguns podem viver nos centros, enquanto outros são empurrados para a periferia? Ou comunidades equilibradas, onde o espaço urbano serve quem nele vive e trabalha?

As políticas públicas têm de ir além dos subsídios e incentivos. É necessário repensar o planeamento urbano, fomentar o arrendamento acessível e proteger o património habitacional. As autarquias, por sua vez, devem assumir um papel ativo na regulação do mercado e na promoção de projetos sustentáveis.

A habitação não é um privilégio — é um direito constitucional e uma condição essencial para a dignidade humana. As cidades portuguesas precisam de reencontrar o seu propósito: ser lugares de convivência, diversidade e oportunidade.